3 de março de 2010

My favourite

Não basta a simples empatia,

Não chega o mero encantamento;
Há que escutar o chamamento,
Responder ao fascínio com ousadia.
Porque o tempo impõe a sua tirania,
E hoje já é ontem num momento;
E no amanhã resta o pensamento,
De como aquele belo rosto seduzia.
No mesmo local mas em outro dia,
No mesmo instante mas desatento;
E pelos desencontros fica o lamento,
Uma dor surda e amarga melancolia.
Porque não basta apenas vontade:



Nada está decidido no amor. Mesmo que seja isso que queiramos, um amor genuíno, cúmplice, espontâneo, estúpido, é justamente raro. Quantos de nós estarão dispostos a amar sem reservas, sem garantias, sem vantagens? Enquanto a poesia acima é, quanto a mim, belíssima na ilustração do acaso no amor, houve quem se expressasse com definitiva síntese em prosa, mas nunca é demais lembrar. Amor é esta dualidade inexplicável entre momentos de tortura e felicidade absolutos.

"O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto." (Miguel Esteves Cardoso)

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